E o Porto aqui tão perto! (E o Porto, porque não conta?)
É notícia de primeira página do jornal “Expresso” deste fimde semana: “Estrangeiros investem €2 mil milhões em imobiliário”.
Aponta os dados da Associação dos Profissionais e Empresasde Mediação Imobiliária de Portugal que referem um aumento do número de casasvendidas em cerca de 35%. Elenca três razões:
- Banca a conceder mais crédito à habitação.
- Investimento das famílias no mercado da habitação.
- A concessão dos vistos “Gold” para a captação doinvestimento estrangeiro.
As duas primeiras razões são, no nosso ponto de vista, mais preocupantesdo que poderá parecer numa primeira análise. Por um lado, a Banca privilegia osseus imóveis e dá condições razoáveis de crédito a quem os compra, emdetrimento de outras opções que, em muitos casos, se revelam investimentosimobiliários bem mais criteriosos, por força da necessidade de limpar balanços.(Na mesma notícia uma mediadora orgulhava-se de ter em carteira 6.000 imóveisda banca para vender).
Empurra, desta forma, os seus clientes para investimentosque no futuro serão penalizadores, com “vacancy rates” elevadas e rendas baixas.Terá um efeito “boomerang”, pois estará a potenciar o incumprimento futuro. Emalguns anos estaremos outra vez a falar de imparidades.
Quanto aos vistos “Gold” têm, de facto, constituído boasoportunidades de negócio para imóveis “prime”.
E aqui reside a oportunidade da questão que formulamos: E oPorto, porque não conta? Onde estão os vistos “Gold”?
“Começaram por comprar casas, sobretudo em Lisboa e Cascais”
“Em algumas zonas, porém, a oferta começa a escassear, comopor exemplo no Parque das Nações, em Lisboa, algumas localizações na linha deCascais, e em Vilamoura, no Algarve”.
Existem razões para este alheamento em relação ao Porto? No dialogoque escutamos entre dois consultores importantes da cidade do Porto foram aduzidasalgumas razões.
Em primeiro lugar a falta de escala da cidade. Mesmo imóveisde referência da cidade não têm valor suficiente para atraírem grandesinvestidores internacionais. Falavam, com razão, que, por exemplo, ninguém atravessa o atlântico para vir àcidade realizar investimentos de pouca monta (do alto de um dos edifíciosemblemáticos da cidade apontavam a dedo os imóveis da Avenida dos Aliados queirão ficar desocupados – a somar aos que já existem).
Depois, o desinteresse das grandes consultorasinternacionais na cidade do Porto.
Já falamos neste blogue de algumas, CBRE, Aguirre Newman,JLL, Worx, Cushman, quantas têm escritórios na cidade?
Poderemos acrescentar ainda mais dois motivos para a cidadedo Porto continuar desinteressante:
- Uma Sociedade de Reabilitação Urbana objeto de disputapolitica entre a Câmara Municipal e o Governo, que se arrastou durante anos, eque está a prazo;
- Uma visão demasiadamente socializante da Câmara Municipalem relação ao património da cidade, que, com vistas um pouco apertadas, dificultaráo investimento privado.